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segunda-feira, 17 de março de 2014

Detectadas pela primeira vez ondulações no espaço-tempo produzidas pelo Big Bang


A radiação do Universo 380 mil    
A radiação do Universo 380 mil anos após o Big BangNASA/WMAP

A primeira detecção directa de “ondas gravitacionais primordiais” mostra que, quando o Universo tinha apenas um décimo de bilionésimo de bilionésimo de bilionésimo de segundo de vida, sofreu uma brutal expansão.

O físico norte-americano Alan Guth propôs, em 1980, a ideia de que quase imediatamente após o Big Bang – a cataclísmica explosão que criou o espaço e o tempo, há uns 13.800 milhões de anos –, o Universo, que era inicialmente um grãozinho microscópico, adquiriu de forma incrivelmente rápida mais ou menos o tamanho de uma bola de futebol. Esta brutal “inflação” – a palavra é de Guth – permitia, nomeadamente, explicar por que é que o Universo é tão uniforme em todas as direcções.
Os especialistas sabiam que a inflação teria produzido ondulações no espaço-tempo, chamadas ondas gravitacionais, previstas pela Teoria da Relatividade Geral de Einstein mas ainda por confirmar.
Esta segunda-feira, uma equipa internacional de cientistas anunciou nos EUA ter finalmente conseguido “ver” directamente, pela primeira vez, ondas gravitacionais que, quase para além da dúvida, são “ecos” da inflação inicial do Universo. O resultado não só confirma a última previsão da teoria de Einstein que ainda estava pendente, como também mostra, de forma convincente segundo os cientistas, a realidade da inflação cósmica inicial. Quando tinha apenas um décimo de bilionésimo de bilionésimo de bilionésimo de segundo de vida, o Universo inchou-se exponencialmente em apenas uns milhares de bilionésimos de bilionésimos de bilionésimos de segundo.
Para detectar as ondas gravitacionais primordiais, John Kovac, do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, e colegas utilizaram um telescópio chamado BICEP e instalado no Pólo Sul. O BICEP foi concebido para observar os vestígios da luz emitida pelo Big Bang, que hoje está presente em todo o Cosmos sob forma de microondas – a chamada radiação cósmica de fundo (RCF) – e que víamos como “chuva” no ecrã dos antigos televisores.
Como a RCF – que nos chega dos confins do espaço-tempo, quando o Universo só tinha 380 mil anos e ainda não havia nem estrelas nem galáxias – é uma forma de luz, ela foi difundida (o termo preciso é polarizada) pelas partículas (neste caso átomos e electrões) que se interpunham no seu caminho, tal como a luz do Sol é difundida pela atmosfera terrestre, explica o Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian em comunicado. E por outro lado, como as ondas gravitacionais primordiais comprimiram o espaço à medida que o atravessavam, elas também deixaram a sua marca na polarização da RCF.
Daí que os cientistas estivessem à procura de um tipo particular de polarização da radiação cósmica de fundo característica dessas ondas gravitacionais primordiais.
“A nossa equipa queria ‘caçar’ um tipo especial de polarização daquela antiga luz [a radiação cósmica de fundo], designado modo-B, que é um padrão de polarização que só pode ser devido às ondas gravitacionais”, dizem os autores, citados no comunicado.
Não é difícil imaginar quão difícil e delicado terá sido desemaranhar as diferentes componentes da polarização. Porém, quando detectaram essa assinatura inconfundível das minúsculas flutuações iniciais do espaço-tempo, tiveram uma surpresa: o sinal revelou ser, afinal, duas vezes mais forte do que previsto por muitos cosmólogos. Isso fez com que a equipa passasse três anos a analisar e reanalisar os dados para ter a certeza de que os resultados eram reais.
“Não só estes resultados são a prova irrefutável da inflação cósmica como também nos informam sobre o momento em que essa expansão aconteceu e sobre a sua potência”, diz o físico Avi Loeb, da Universidade de Harvard, citado pela agência AFP. “E deitam uma luz nova sobre algumas das questões mais fundamentais, tais como por que é que existimos e como começou o Universo". [Fonte: publico.pt]

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Universo pode ter singularidade não prevista por Einstein



Um corpo de grande massa pode não ser a única forma de distorcer o tecido do espaço-tempo. [Imagem: NASA]
Curvatura do espaço-tempo
A teoria da relatividade geral de Einstein estabelece que corpos de grande massa curvam o tecido do espaço-tempo, sendo essa curvatura um efeito que conhecemos como força da gravidade.
Isso significa que Einstein considerava que o tecido do espaço-tempo é originalmente plano em um dado local.
Mas pode não ser bem assim.
É o que propõem Moritz Reintjes e Zeke Vogler (Universidade de Michigan) e Blake Temple (Universidade da Califórnia, em Davis).
Segundo eles, há uma outra forma de criar ondulações no tecido do espaço-tempo.
"Nós demonstramos que o espaço-tempo não pode ser localmente plano em um ponto onde duas ondas de choque colidem," explicou Temple. "Isto representa um novo tipo de singularidade na relatividade geral".
Singularidade
Os físicos chamam de singularidade o núcleo de um buraco negro, onde a curvatura do espaço-tempo atinge valores extremos, algo que as equações da física não contemplam.
De forma mais geral, uma singularidade é um pedaço do espaço-tempo que não pode parecer plano em nenhum sistema de coordenadas.
Segundo a relatividade geral, a gravidade é tão forte perto de uma singularidade que o espaço-tempo se distorce.
Singularidade de regularidade
Uma onda de choque pode criar uma descontinuidade, uma mudança abrupta, na pressão e na densidade do tecido do espaço-tempo, criando um ressalto em sua curvatura.
Mas, desde os anos 1960, os físicos calculam que uma única onda de choque não é suficiente para descartar a natureza plana do espaço-tempo em um determinado local.
O que os pesquisadores demonstraram agora é que isso pode acontecer quando duas ondas de choque colidem.
Segundo eles, o cruzamento das ondas de choque cria um novo tipo de singularidade, que eles chamaram de singularidade de regularidade.
"O que é surpreendente é que algo tão suave quanto ondas interagindo possa criar algo tão extremo quanto uma singularidade no espaço-tempo," disse Temple.
Em busca de uma singularidade
Os pesquisadores estão agora se debruçando em busca de manifestações dessa singularidade de regularidade, efeitos que possam ser medidos no mundo real.
Segundo eles, é possível que ondas de choque que passem pelo interior de estrelas possam criar suas singularidades regulares.
Mas será preciso demonstrar isto matematicamente antes que os astrofísicos possam começar a procurar por seus sinais.[Fonte: Inovação Tecnológica]
Bibliografia:


Simulation of general relativistic shock waves by a locally inertial Godunov method featuring dynamic time dilation
Zeke Vogler, Blake Temple
Proceedings of the Royal Society A
Vol.: Published online
DOI: 10.1098/rspa.2011.0355



Points of general relativistic shock wave interaction are "regularity singularities" where space-time is not locally flat
Moritz Reintjes, Blake Temple
Proceedings of the Royal Society A
Vol.: Published online
DOI: 10.1098/rspa.2011.0360

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