sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Cientistas descobrem cor da Via Láctea além de mais de 100 mil milhões de planetas


Branca, como a neve pouco depois do nascer do sol ou pouco antes do ocaso”. Assim descreve uma equipa da Universidade de Pittsburg a cor da nossa galáxia. A descoberta, que permite ainda perceber a idade da Via Láctea, foi apresentada num encontro da Sociedade de Americana de Astronomia. Um outro estudo, apresentado na mesma conferência, aponta para a existência de pelo menos 160 mil milhões de planetas na nossa galáxia.


O principal obstáculo para perceber a cor da Via Láctea é o fato de estarmos dentro dela e de a nossa visão estar obscurecida por poeiras. Segundo Jeffrey Newman, Professor de Física e de Astronomia da Universidade de Pitsburgh, Estados Unidos, “é como tentar adivinhar a cor da Terra quando só se vê a paisagem da Pennsylvania” [estado dos Estados Unidos].

Ele e Timothy Licquia, um estudante de Doutoramento em Física resolveram o problema olhando para as imagens de outras galáxias mais visíveis. 
Escolheram as imagens
 captadas pelo projeto Sloan Digital Sky Survey (SDSS), o qual mede detalhadamente as propriedades de mais de um milhão de galáxias e que, há um ano [11 de janeiro 2011], divulgou a maior imagem colorida dos céus até à data. 


Newman e Licquia identificaram nestas imagens as galáxias mais semelhantes à Via Láctea em dois fatores, o número total de estrelas e o ritmo de nascimento de novas estrelas, duas características determinantes para a cor e luminosidade de uma galáxia.
Em declínio
De forma geral, as galáxias com estrelas nascentes são azuis e muito brilhantes e as galáxias mais velhas, cujas estrelas estão a morrer sem serem repostas, são avermelhadas e menos luminosas [embora haja outras razões para a cor vermelha, como a distância a que se encontram as galáxias ou a sua composição].


A Via Láctea está a meio caminho entre as duas cores. Não sendo uma galáxia recente, ainda se renova a bom ritmo. 

Mas está já em declínio, mais próxima das galáxias vermelhas do que as de cor azul.
“Daqui a alguns milhares de milhões de anos, a nossa galáxia vai ser um lugar muito mais aborrecido, cheio de estrelas de meia-idade a consumir lentamente o seu combustível e a morrer mas sem nenhumas novas estrelas para as substituir,” afirmou o Professor.
É, também, uma galáxia “muito comum”. Vista de fora, a Via Láctea é branca, devido à idade da maioria dos seus mil milhões de sóis. Um branco semelhante ao da neve fresca iluminada pelos raios oblíquos do Sol nascente ou poente afirmou Newman. Mais prosaicamente emite uma claridade semelhante à de uma lâmpada com uma temperatura de cor de 4,700-5,000K.
Planetas: 160.000.000


Um outro estudo de uma equipa internacional de 20 países determinou entretanto que em média, cada estrela 

da Via Láctea possui 1,6 planetas. Como a galáxia possui cerca de mil milhões de estrelas, o número de planetas rondará os 160 mil milhões. 
Este é um número muito superior àquele que se imaginava existir até há poucos anos e que faz aumentar as probabilidades de existência de vida extraterrestre e inteligente. Mas poderá pecar por defeito.
O estudo baseou-se nos dados obtidos através de um único método de observação, que deteta variações minúsculas no percurso de uma estrela devido à atração gravitacional de planetas à sua volta. Esta técnica descobre habitualmente os planetas mais longe dos seus sóis, como Úrano ou Saturno.
Planetas são a norma


Outra técnica de observação deteta as variações de luz de uma estrela quando um planeta passa entre ela e a Terra e é usada por exemplo pelo telescópio Kepler, 

da Nasa. Descobre todo o tipo de planetas especialmente os que orbitam muito próximos das suas estrelas, como a Terra, Vénus ou Mercúrio.
A combinação das duas técnicas aponta para a provável existência de pelo menos dois planetas por estrela, o que duplicará o número de planetas estimado no estudo apresentado quarta-feira.
“Este estudo estatístico diz-nos que a existência de planetas em redor de estrelas é a norma em vez da exceção”, afirmou Arnaud Cassan do Instituto de Astrofísica de Paris.
“Daqui em diante, devemos olhar para a nossa galáxia como povoada não só por milhares de milhões de estrelas mas imaginá-las rodeadas por milhares de milhões de mundos extra solares”, acrescentou.
Noutra conclusão do estudo, os planetas de massa baixa parecem ser os mais comuns. Isto significa que um enorme número dos 160 mil milhões de planetas poderão ser semelhantes à Terra, pequenos e rochosos: cerca de 10 mil milhões deles terão inclusive o mesmo tamanho do nosso planeta. 
Três “mini-planetas” 


Até agora as observações dos céus permitiram descobrir, em apenas 
Maioria dos planetas serão rochosos e muitos do tamanho da Terra
15 anos, cerca de 700 planetas para lá do nosso sistema solar, denominados exo-planetas. Milhares de outros estão à espera de confirmação. Deste número apenas alguns se sabe já que são rochosos.
Mesmo assim, foi anunciada a descoberta dos três planetas mais pequenos alguma vez detetados. Orbitam uma única estrela, a KOI-961 e têm, respetivamente, 0.78, 0.73 e 0.57 o tamanho da Terra.


O mais pequeno é mais ou menos do tamanho de Marte. Os três serão rochosos, 

como a Terra mas orbitam demasiado perto da sua estrela para estar dentro da zona habitável, uma região onde água líquida [e a vida como a conhecemos] pode existir.
A descoberta prova a diversidade de tipos de sistemas solares existentes, já que este sistema tri-planetário é mais semelhante, em escala, a Júpiter com as suas luas do que qualquer outro até agora encontrado. 
Foi igualmente já confirmada a existência de sistemas semelhantes ao planeta Tatooine da Saga cinematográfica "Guerra das Estrelas", em que um planeta é iluminado simultaneamente por dois sóis.[Fonte: RTP]

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